Um texto antigo que recuperei do fotolog. Antigo, mas ainda tão importante pra mim.
"Um dia ainda vou escrever um livro sobre um menino que cresceu acreditando só no amor e em mais nada.
Sem religiao, sem outros sentimentos. Tudo que sentia acreditava que era Amor, ou consequência dele.
Quando via pássaros, via que eles também amavam, assim como os gatos, o portão e a trepadeira, as mesas e cadeiras. Tudo era ligado e amava.
Quando chorava era pela falta de Amor, quando brigava era para ensinar a amar.
Tudo era Amor. E quando descobriu isso mais tarde acreditou que era uma pessoa boa.
Amou muito. Descobriu, ouvindo, que a coisa mais incrível da vida era amar e ser amado. Depois refletiu e pensou que a pior coisa da vida era ter o poder de amar e ninguém notar.
Chegou a colecionar amores. Como um dia fez com figurinhas e pedras de rio.
Pensou, ao decidir sua profissão, se não teria a oportunidade de fazer uma faculdade para trabalhar no Ministério do Coração.
Cantou todas as músicas que falavam de amor. Leu todos os livros. Decorou e declamou poesias pra mostrar que vive disso e somente disso. Disso: de Amar.
Numa sexta-feira nosso protagonista resolve sair de casa e se divertir. O tiro sai pela culatra. Passa a noite assistindo a amores instantâneos. E fica indignado ao ver o amor se alastrando de forma instantânea como se faz um miojo. "Aqueça um olhar até ferver, depois junte sua cantada, tempere aos gostos, espere três minutos e delicie-se". Aquela levianidade o deixou mal. Se sentiu incompreendido, adoeceu. Ele que se preocupava tanto em amar via o amor escorrer por aí - pisado como água suja de chuva em poças na rua.
ainda nao sei o final.
mas acho que ele tem algo de Macabea."
JG
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
-Drummond-
entre uma estrela e um vagalume o sol se põe.
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