quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

30mg de au revoir

Eu não queria escrever sobre isso em primeira pessoa, mas aqui vai: não sou bom com despedidas. Nos últimos dias tenho tomado doses homeopáticas de despedidas, mas hoje tomei uma dose cavalar que me fez ter certeza disso. Não delongo na hora do "adeus", "tchau", "até logo" por mais do que dois minutos (e nem gosto de tocar no assunto). Se é para ir que vá logo sem possibilidade de arrependimento e ficar e acabar dando "adeus", "tchau", "até logo" mais algumas vezes como alguns românticos consideram adorável.

E se você estiver pensando que é desapego, pense exatamente o contrário. Não me agrada ficar cozinhando em banho-maria a sensação horrível que existe no limbo entre presença e ausência. É um pouco de conformismo, eu diria. Se não há outra possibilidade senão a partida, se já vou sofrer nos momentos seguintes, para que procrastinar o sofrimento no seu ápice? Pior do que a saudade é a perda.

Deve ser como uma injeção! Fure logo, incomode rápido e depois deixa ir se acostumando com a dor. Simples. E, como uma injeção, a despedida é necessária: a injeção, por motivos biologicamente óbvios; mas a despedida serve para acostumar a dor até extingui-la, lembrando do momento do tchau como a fulgás felicidade do último momento juntos.

No entanto, não adianta negar, quando damos "adeus", tomamos, inconscientemente, uma dose de "um dia vocês vão se ver de novo".
E esse placebo é tão bom...


JG

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