domingo, 17 de janeiro de 2010

Do que aprendi com a platéia

Concentração. Os dois pés se movimentam no ritmo. A batida sincopada. Fazem música em percussão ligeira. Velocidade. Agilidade. Sapateado na calçada de ruídos da cidade.
Passa ônibus. Buzina carro. Grita mãe. Soa fone. Assobia menino. E os pés batem. batem. bat-bat-batem. tem-tem-bat-batem. tem-tem-bat. Forte. Mais rápido. mais rápido mais rápido maisrápidSalta....................cai e acaba.

Aplausos para os pés cansados e reverências de gratificação sincera.

Uma se dirige a ele - "Você devia olhar menos pro chão e olhar mais para as pessoas que assistem. O mais cativante é o seu sorriso." - diz sorrindo.

E é verdade. Nos próximos passos ele vai de cabeça erguida e repara em cada olhar. A resposta e a razão de cada ritmo está no olhar de quem assiste.
Uma surpresa. Uma admiração. Uma reprovação. Uma indiferença. Uma curiosidade.
Quem dança o faz para alguém ver e espera um reação mesmo que não seja positiva. O sapateador, então, aprende a sorrir para quem o repara e pesca no olhar do transeunte uma reação.

Ela passa e ele olha - sem parar de bater os pés. Ela olha pra trás e põe os dedões pra cima com um sorriso impagável! As crianças desobedecem os pais e páram para assistir admiradas...

E o sapateador pensa: "o chapéu já está cheio, mas as gorjetas mais valiosas estão aqui fora".



JG

"Smile if your heart is aching."
-Chaplin-

Um comentário:

  1. A pessoa que comentou tem razão, seu sorriso é mesmo bastante cativante.

    Ray

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