Quando eu ia para a praia com meus pais nos finais de semana, minha mãe me vestia com uma sunga bem colorida, de cores fortes, chamativa – a típica “mamãe, não me perca”. E ela estava certa por se preocupar. Assim que eu chegava à praia, já percebendo as barracas coloridas, as pipas no céu e o barulho do mar - analisando o território. Enquanto meu pai arrumava o acampamento e minha mãe me besuntava de Copertone e desenrolava o discurso da correnteza forte - ok, mamãe, ok mamãe -, eu jogava os chinelos ao pé do guarda-sol, me livrava da camiseta e do short e ia... Não, não, antes eu devia ficar os benditos 20 minutos na sombra esperando o protetor secar (pelo menos o cheirinho era bom). Aí, sim, eu saía pela praia, de pescoço esticado, fazendo como quem-não-quer-nada, procurando outras crianças para socializar. E assim que achava um alvo interessante, já me intrometia nas sombras dos outros, perguntava se tinha brinquedos e convidava pra ir na beira do mar caçar tatuís.
Essa minha necessidade fetal de estar sempre acompanhado, compartilha das idéias "jobinianas" de que é mesmo impossível ser feliz sozinho. Depois de uma noite divertida com amigos à minha volta rindo, dançando, brindando, acordei hoje de ressaca. Mas, não é ressaca que dá dor de cabeça, sede e mau-humor. Nem é ressaca de falta de memória, arrependimento e vergonha pelos momentos inconsequentes da noite anterior. É uma ressaca causada pelo vento frio lá fora e um apartamento vazio aqui dentro. Antes éramos e agora sou.
Acostumo-me, por falta de escolha. No início era pai, mãe, avós, amigos, cachorro e papagaio. E aos poucos você vai tomando as rédeas, que você até pode pedir ajuda para segurá-las, mas cada vez mais é você e menos os outros. Até você chegar no paradigma de ir "morar sozinho" e todos os seus dilemas anexos.
Vou ver um filme, escutar uma música, escrever um texto e pensar nos meus amigos que estão lá fora me ajudando com as rédeas, mas não vou buscá-los agora. Estou precisando fazer um intensivo, porque a vida é a arte de aprender a ser sozinho.
JG
"Pobre vida que toda depende
De um sorriso, de um gesto, um olhar..."
-Mário Quintana-
Eu tinha bem certa na minha cabeça a idéia de que, "quando crescesse" (sem piadas relativas a minha altura, okej! haha), eu queria morar sozinho, que isso seria o ideal. De uns meses pra cá eu já não gosto mais tanto dessa idéia...
ResponderExcluirobs: a noite foi demais! adorei mesmo!
Tinha esquecido do teu blog, João..
ResponderExcluirColoquei na pastinha do Favoritos de sites que eu visito todo dia.
Meu, esse sensação é péssima porque agente nunca tá preparado pra ela, não importa a idade que se tenha nem a vontade que você possa ter de ser sozinho.