domingo, 6 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
Das mentiras que ouvi
Não se assuste quando eu disser uma fraqueza minha: outro dia contei uma mentira para agradar meu ego. Uma mentirinha boba do tipo “ah, eu já vi isso!” e na verdade nunca nem ter ouvido falar do assunto. E não pense com descaso que “todos nós fazemos isso”. Todos mentem assim alguma vez na vida. Verdade. Poucos assumem. Eu assumi (dessa vez) e me senti bem. No momento seguinte à curta humilhação provocada pelos ouvintes, é claro. Certos eles.
Mentiras que alimentam o ego servem apenas para falsear sua identidade. É como vestir o figurino de outro personagem que não te serve bem, mas você acredita que está perfeito! Sabe quando aquela moça com alguns quilos a mais veste uma blusa apertadinha, se enxerga linda, mas os olhares na rua denunciam o mau-gosto? (não entremos no mérito da questão de exemplo tão medíocre). Pois, mentir dessa forma é assim: só você pensa que está elegante, enquanto o público desconfia e prepara os tomates.
Pensando nisso me lembrei de Dorian Gray. Vivendo uma grande farsa para a platéia bravejar elogios múltiplos enquanto ele passa, enquanto ele fala, enquanto ele engana a todos. Engana e encanta. Veste sua alegoria tão bem maquinada para ludibriar a todos com histórias fantásticas! Estará mais satisfeito quanto mais amarem a ele – ou seu personagem. Pomposo cavalheiro. Inteligente. Bonito. Galante.
Pobre, morreu ao ver a própria verdade.
JG